Fortnite e a nova velha forma de distribuição de software
12/8/2018
~ 3 min.

Na última edição da newsletter, enquanto eu escrevia o texto para acompanhar o link sobre o modelo de distribuição que a Epic escolheu para distribuir o Fortnite no Android, eu percebi que as poucas linhas por link que eu me limito a escrever na REMIX não seriam suficientes para expressar o quanto essa ação da Epic pode ser importante para o mercado de aplicativos móveis.

Atualmente a forma padrão de se distribuir aplicativos é através das lojas de aplicativos. Mas nem sempre foi assim. Nos primórdios da internet não existiam lojas de aplicativos e cada um era distribuído de forma independente. Cada empresa decidia como ia fazer isso. Mas, com exceção de alguns portais que catalogavam diversos softwares disponíveis por aí (como o Baixaki), esses softwares, ou aplicativos, não estavam centralizados.

Até que, cerca de 10 anos atrás, a Apple lançou a App Store. No dia do lançamento haviam 500 aplicativos de empresas convidadas pela Apple para estrear a nova loja. Hoje existem milhões de aplicativos, tanto na App Store quanto na Play Store (loja oficial do Android). E até os sistemas operacionais para desktop, como Windows, Mac OS e Ubuntu, possuem suas próprias lojas.

As lojas de aplicativos oferecem diversas facilidades para os desenvolvedores, como gerenciamento de versões, lançamento programado, lançamento controlado, testes A/B, relatórios de uso, etc.. E o mais importante: visibilidade. Afinal o usuário já está familiarizado com a plataforma e baixar um novo aplicativo é relativamente simples, independentemente do sistema operacional.

Eu não consigo precisar se somente esses motivos foram suficientes, ou se tiveram outros que influenciaram, mas o fato é que se tornou comum distribuir os aplicativos através dessas lojas. E durante tantos anos, a despeito das altas taxas cobradas pelas mesmas, ninguém questionou o modelo.

Eis que surge a Epic com o Fortnite, o jogo mais popular de 2018, fenômeno mundial jogado por jogadores de futebol e astros do rap, por mim e pelo Ninja, maior streamer do mundo. Inclusive o Ninja só se tornou o maior streamer do mundo graças ao Fortnite.

O Fortnite já foi lançado para diversas plataformas (PC, Xbox, PS4, Switch e iOS), mas ainda faltava o Android. E a Epic, buscando fugir dos 30% de taxas cobrados pela Play Store, decidiu distribuir o jogo através do seu próprio website. Claro que isso só se faz possível devido ao sucesso estrondoso do game, ou você acha que se eu lançasse meus aplicativos assim alguém baixaria?

Mas esse evento me lembrou que existe uma indústria que, não por opção, já distribui seus aplicativos de forma independente ja faz algum tempo.

A indústria de entretenimento adulto não é permitida em nenhumas das lojas de aplicativos, digo isso com propriedade, meu primeiro app lá em 2014 era um aplicativo pornô que utilizava a API do RedTube e foi banido da Play Store em menos de 24 horas.

Fiz uma pesquisa rápida e vi que o PornHub, um dos grandes sites de entretenimento adulto, também possui um aplicativo Android e o distribui de forma independente (fonte NSFW). De forma bem parecida ao que a Epic está fazendo agora.

Eu não sei quais serão os próximos capítulos dessa história da Epic, mas para nós, como criadores de produtos digitais, essa jogada parece bem interessante. Tudo vai depender de como o mercado e os consumidores reagirão a esse modelo muito mais comum na distribuição de software nos desktops e de aplicativos marginalizados pelas lojas de aplicativos.


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